Chegam notícias tristes da cidade,
tristes como soem desejar-se.
Teus dedos estancam, perdem viço
os movimentos, mas falta o tempo
para entristecer: de volta à brincadeira
renascem gargalhadas na garganta e
deixas-te outra vez levar, os braços
largos, um grande peito aberto,
tu e as ervas, à sombra do cavalos
um filho no pescoço, outro no colo
19/06/2006
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13 comments:
Falta mesmo o tempo para entristecer? Foi o coração alado que to disse? Como finges bem, Poeta.
Beijos.
Licínia
P.S. Não me batas.
a mim, tu não me enganas. aposto que tens um lugar secreto onde guardas o tempo de tristeza.
sabes, mais do que as tuas, ouço as gargalhadas dessas crianças.
:)
um abraço
boa noite, vasco,
ainda bem que reapareceu...
fiquei a pensar no seu comentário, a expressão não me é estranha, mas nunca antes tinha sido usada por ninguém no meu blog, para aceitar ou negar que escrevesse sempre o mesmo poema, teria de reconhecer que escrevo poesia, e não tenho esse direito
um beijinho para si,
alice
Querido Vasco,
Repito o que uma vez já disse acerca da poesia que escreves: as tuas palavras valem muito mais que mil imagens!!!
Beijo.
lindas imagens que se sobrepõem no poema, para dizer que a alegria existe...
"um filho no pescoço, outro no colo" e o peito aberto: o homem carregado da pureza; o homem pronto para a pureza.
boas construções poéticas
beijos,
Hortência
Olá licínia,
Compreendo a tua reacção. Mas vem comigo: Por vezes falta o tempo para entristecer. Por vezes, não. Mas há sempre direito à alegria.
Vês? Não doeu nada :). Beijos
Olá amiga aquilária,
Touché. Mas o direito à alegria, mais uma vez. E a não alimentar a tristeza (muito menos alimentar-se dela).
Viva alice ! (a minha vontade de te chamar alicezinha, ai, perdoa :))
A expressão quer significar que, por muito que não o queiramos, andamos sempre à volta de um tema nosso, evidente ou não. Arranjei esta maneira de te perguntar sobre a existência de um tema sempre em evidencia na tua (muito boa) poesia (não era bem isto, mas agora não consigo dizer melhor).
Sempre beijos (mas também gosto dos teus "beijinhos":)
olá tão querida primeira leitora,
Obrigado por gostares. E pela presença
Olá hortência,
bem achado. gostei do "pronto para a pureza. e assumo
beijos
querido vasco,
adorei o alicezinha ;)
tive um blogger que me tratou por licinha e também adorei...
qual é então o tema sempre em evidência no que escrevo?
eu conheço e entendo a expressão, mas duvido ser merecedora dela...
eu escrevo porque preciso, sabe, dá-me uma aflição e fico melhor
não tenho de pensar nem reflectir, não abordo um tema propositadamente
quando eu me perceber, venho cá explicar-me melhor também ;)
um grande beijinho,
alice
Agradeço imenso esse leque de opiniões e de ricas sugestões, Vasco. Sou muito crítico, por razões diversas (não é o lugar, aqui, para discorrer sobre o tema), face ao pensamento categorial.
Prefiro correr riscos calculados de alguma generalização mais ou menos bem suportada - equivale, no campo literário, a uma poética da eficácia - e recorrer a temas em que a especialidade não seja radicalmente, à partida, um obstáculo.
Há uma segunda fase desta série - a das "Tonalidades e casos" (de que já escrevi já 15) - mais nominalista e por isso mesmo apenas circunscrita a casos concretos. Na relação entre ambas, ressaltarão de certeza possibilidades reflexivas.
Vasco: não pretendo provar nada, mas apenas abrir campo metatextual para este área fascinante que é a da expressão na rede (aí, em minha opinião, a tradição pós-iluminista do "literário" e o considerado campo "não-literário", representados ambos como uma dicotomia dada e adquirida, estão laboratorialmente no mesmo pé).
Abraço, LC
Caro Vasco,
gostei do carinhoso ultramarina leitora e te chamo, carinhosamente, ultramarino poeta...
beijos
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