24/01/2006

dos retratos

Retratos são mentiras e verdades, sugeridas
ao correr dos olhos de quem quer olhar:

A menina que posa, não pode ser mentira,
quando dança sem dançar longos bailados
no palco brilhante dos olhos do seu pai;
a mulher que se expõe só pode ser verdade,
quando deixa a tristeza esvoar-se de dentro
e pintar nas nuvens o peso do chumbo.

Mas o ser no retrato não diz a menina
que brincou às bonecas antes de posar,
e não diz a mulher que se banhou nua
na lua de Março, não diz como riu,
se lavou da tristeza nesse riso de estrelas
e como, depois disso, foi jantar

8 comments:

Vasco Pontes said...

...As tuas palavras,luz,são o pão do poeta. Que reconhecidamente agradece.

Vasco Pontes said...

Olá Ana,
Que bom ter voltado! Não imagina como é gratificante saber que, por vezes, consigo criar um elo com quem me lê.
Obrigado.

Maria Carvalhosa said...

Olá Vasco,

Primeiro:
gosto muito do teu poema e acho inspiradíssima a forma divertida com que o terminas.

Segundo:
só quero chamar-te a atenção para um desafio que te lancei no meu blog. Para um bom conhecimento das regras do jogo, recomendo que visites os posts anteriores ao meu, dos blogs que lá menciono.

Beijinhos.

Vasco Pontes said...

Obrigado e bem retornada, primeira leitora!

Maria Carvalhosa said...

Vasco, querido companheiro de recolhimento,

só agora verifiquei (desculpa a minha eventual desatenção) que alteraste a tua descrição inicial, encontrando-se a actual bem mais de acordo com a tua realidade - de hoje, aqui e agora.

Aguardo, com mal-disfarçada ansiedade, mais um dos nossos encontros, na casa da montanha ou noutro lugar amado por ambos.

Até lá... um beijo.

Maria Carvalhosa said...

Vasco,
com alguma frequência, volto aqui para reler este poema. (ainda) Nunca te falei verdadeiramente do que me faz sentir...
talvez o faça um dia destes... e o facto nos apanhe, a ambos, desprevenidos :)
talvez...
Beijos ternos, meu poeta de eleição!

Vasco Pontes said...

Querida Maria,
Até dói o prazer que me dão as tuas palavras...
Sabes, só posso falar por mim, mas muito para além de querer provocar um prazer estético, está a ambição de tocar a alma de quem nos lê. Porém, quando isso acontece, é como um choque: nunca estamos à espera.
Reagimos com surpresa, um pouco incrédulos.
Os olhos comovem-se sozinhos, os malvados.

Maria Carvalhosa said...

És inexcedível, Vasco. Repito o que disse há dias: até da simples resposta a um comentário fazes poesia! Alma de grande poeta, a do meu amigo!
Mais um beijo.