- Pai, o que são versos ?
- Versos, minha luz, são palavras voltadas ao sentir
- E, pai, o que são poemas ?
- Poemas, fresca face, são alguns versos com sentidos fundos
- Mas pai, e o que é a poesia ?
- Poesia, olhos limpos, é a forma dos poetas abraçarem as pessoas
- Pai, e pode abraçar-se um poeta ?
- Sim, pura fronte, buscando nos seus versos o sentido do poema;
dizendo, quando possas, o sentir da poesia
27/11/2006
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42 comments:
este é o eleito.
no fundo, a poesia será uma luz, de "fresca face" e "olhos limpos", uma "pura fonte". Também o são as crianças. A poesia é uma criança?
Um abraço, Poeta! Apesar de não saber explicar como sinto a tua Poesia :)
Olá Vasco,
Está bonito, bem escrito e bem explicado. Não é a tua poesia: espontânea, fluida, que parece não pensada, apenas sentida.
Mas também não pretendias que fosse, certo? Uma explicação, seja do que for, é, por definição, racional.
Um beijo de saudades.
Olá ana prado,
gosto da tua leitura. acescenta ao poema uma dimensão em que não tinha pensado.
Beijos
Olá, licínia,
... será que não sabes, ó percebedora irmã?
Abraço, digo, beijos :) para ti também.
Olá maria,
Sê muito bem retornada :).Concordo que o poema tem algo de diferente: fala de "pessoas" o que é raro no poeta e a linguagem é mais linear do que é costume.Mas não queres ler outra vez ? Onde está a explicação racional em "palavras voltadas ao sentir" ? Será que consegues compreender isto se não "sentires" o verso? E a poesia é, racionalmente, um abraço? E a forma como o pai denomina repetida mas sempre difeerente a filha quantas leituras pode ter ? Vê a ana prado: arranjou logo uma só dela.
Sim, querida maria, é um poema diferente, mas é um Vasco Pontes inteiro... diz ele :)
Beijos!
horror, queria dizer diferentemente e vê só o que saíu
Olá musika,
Gostei da tua visita, a ana pardo vai decerto responder-te, eu mando apenas
beijos
vou dizer uma asneira, mil perdões ana prado, nada, mas nadinha mesmo, parda
Basta sentir o abraço nas palavras deste poeta para saber o que é poesia.
Beijinhos:)
Olá linda maria p.,
:)
não basta, não. é precisa antes a sensibilidade para se sintonizar com o sentir/dizer poético.
nem todos têm, como tão bem sabes.
beijos amigos
Voltei de novo. Para tornar a ler o poema. Definitivamente este é O poema que te faltava, Vasco.
Desde logo o tema, quesei, é-te muito caro, e que está claramente espelhado no título. Depois, a extraordinária capacidade que só os grandes poetas têm, aliás, creio que é justamente isso que faz o poeta: parecer espontâneo o longo e solitário e penoso processo racional. Leio mais neste texto. Leio aquele que questiona criado à dimensão daquele que lhe responde. Aliás, a criança ( e chamo-lhe criança pela simplicidade e coragem que tem em perguntar o que nenhum adulto pergunta... bem sei que isto dá pano para mangas... não quero ir por aí), mas dizia eu a criança,questionando, desnuda o "tu", elevando-o a poeta. E porquê? Cada resposta do pai é dual,na medida em que o vocativo utilizado caracteriza a criança e, em simultâneo, e sobretudo, o centro da questão que coloca: "O que são versos?" / Versos, minha luz, são..." Quem é a luz deste que responde? A criança, os versos, ou ambos? Ambos seguramente. Então, por esta leitura, a criança é a luz de um pai; pela meninice é "fresca face"; pela pureza é tem "olhos limpos e pura fronte". Assim é a poesia: pela descoberta do conhecimento, ou do auto-conhecimento, é luz; pela linguagem una e límpida, tem "fresca face", "olhos limpos" e o poeta só pode ter "pura fronte".
Como gostei disto...
Desculpa-me o português, escrevi de rajada e não reli...:)
Olha, Ana, ler como leste o Vasco é uma lição sobre a relação Poeta-Poema-Leitor (por esta ou outra ordem).
Aqui aprende-se.
Beijos para o anfitrião e para a visitante.
Oh Vasco, sei que a casa é tua, mas tenho de deixar beijos para a poeta senhora que tanto admiro.
(Não gosto da palavra poetisa, não o sendo, soa-me a diminutivo e não gosto de diminutivos:)
Beijos, então Licínia:)
A vírgula ali do comentário anterior está mal colocada... desculpem lá:))
Olá ana prado,
... muito sensibilizado com a análise. orgulho em merecer o pousar dos teus olhos nos meus versos. contentamento pela partilha de sensibilidades... e divertimento pela ansiedade que pões na perfeição (a preocupação da vírgula, minha amiga ? :).
Beijos
Olá licínia,
... é não é? uma lição de sensibilidade e saber...
beijos... isto está quase uma tertúlia e, como diz a ana prado, como gosto disso :)
caro vasco, que boa surpresa. embuída de espírito natalício. este post é genial. vou ficar a actualizar a leitura. e volto de certeza no próximo ano. obrigada pelas tuas palavras e tudo de bom. beijinhos.
errata: imbuída * peço desculpa!!!
Olá ana!
Obrigado. Volta sim, o poeta gosta de te ver por cá :)
Beijos
Olá alice,
... também gosto de te ver por cá, sabes bem. E está à vontade com as gralhas: só quem não escreve...
ui!
... beijos:)
Obrigada "meu" poeta!
Um ano de 2007 mágico e feliz para ti são os meus votos:)
Beijos, sempre!
e no entanto... como descrever exactamente e o som da chuva que cai, ou o possível voo da borboleta? porque a poesia é, também, o não traduzível.
lamento ter chegado tão atrasada à tertúlia... :(
beijos e votos de um excelente 2007
(e o som...)esse "e" está a mais
Olá aquilária,
... mas qual atrasada ? Aqui está-se sempre a tempo. Mas vamos ao que interessa: Apesar do teu "no entanto" que parece adversativo, penso exactamente que as "palavras voltadas oa sentir" pretendem tornar dizível o indízível. Penso que que a "comunicação" do som da chuva, ou do vôo da borboleta pode ser feita em diversos planos: Num plano científico o objectivo seria descrever tanto quanto possível os acontecimentos, num plano literário o objectivo poderia ser o de conseguir que o leitor construísse na sua cabeça uma imagem, mais ou menos pormenorizada do acontecimento. No plano poético, tenho a opinião de que mais do que descrever o acontecimento, importa dizer a sensação, a emoção por ele provocada. Ao fazer isto, a poesia perde na descrição, a maior parte das vezes, mas ganha, e ganha sempre, uma dimensão que está para além da descrição porque procura, noutro plano, a percepção, a snsação, o sentimento.Essa uma das razões pelas quais um poema pode ter, estou a fugir a dizer "deve ter", várias leituras.
Fala aqui algum rigor, mas, em ambiente de tertúlia, estarei a tempo de o ir acrescentando, ao sabor da conversa.
Beijos....
sshh... nem vou falar das outras gralhas, mas o "fala" algum rigor, não fala nada, falta mesmo.
ora, ora, vejo que o meu companheiro de aventura está em grande forma!
o que eu queria dizer - e talvez não o tivesse dito da melhor maneira: a poesia é sempre algo mais do que qualquer "explicação" que dela possamos dar.a poesia é como o mágico som da chuva que cai, ou o possível voo de uma borboleta.
...e talvez por isso a melhor forma de "explicarmos" a poesia será a que tu usaste: uma descriçao poética.
"minha luz, fresca face,
olhos limpos, pura fronte"
:)
um beijo, em sombras e luz
Ora cá estou eu a ser espicaçada por estes poetas insaciáveis. "Descrever "a Poesia foi a maior provocação que o Vasco aqui lançou. Eu só vos queria perguntar: A Poesia está mais próxima da Literatura ou da Música, ou das Artes Plásticas ou da Metafísica ou...ou...ou...? Ou é um pouco de tudo isto? Ou é tão somente a busca das palavras com que tudo se diz? Eu, que não sou erudita, não tenho vergonha nenhuma de vos fazer estas perguntas tão comezinhas.
Beijinhos para vós, "frescas faces".
Eu queria dizer "Explicar" e não "Descrever". Desculpem. :)
amiga licínia,
eu acho que, a um determinado nível, tudo está interligado. há musicalidade na poesia,por exemplo, mas uma pintura pode ser, também, altamente poética...
já agora, qual é a tua resposta à pergunta que formulaste?
esperemos, também, a chegada da ana prado, do vasco pontes (afinal, a casa é dele)e de quem queira aqui trazer as suas opiniões. para já, posso trazer um chazinho e bolo de noz. se a conversa durar até à ceia, depois se verá o que se arranja... :D
Olá licínia,
Espicaçada? Gosto disso. Penso que há um espaço que está á espera de ser preenchido que é o da conversa com assunto. A mim, pessoalmente, faz-me falta. Faz falta também falar da poesia de uma forma simples, que a possa tornar, e ao seu entendimento, acessível a públicos mais vastos que os iniciados (mas gostei da tua preocupação com a falta de "erudição" - ó irmã de fainas, porque eu pensava que só precisa ser erudito quem não sabe fazer, já que quem sabe passa a fazer parte da ... "erudição"...
:))) eh,eh, perdoem-me os verdadeiros eruditos...
Quanto às tuas perguntas, estou com a aquilária, mais importante, para ti, do que as nossas respostas, será a tua resposta.
... e não não é conversa politicamente correcta: Basta que entendamos a poesia "também" como um corpo constituído pelas diversas poesias dos diferentes autores: Um autor estará mais próximo das artes plásticas e construirá poemas muito visuais, provavelmente explorando a "imagem" gráfica das próprias palavras, ou, como faz, por exemplo a ana prado e,por vezes, a aquilária, completando, posso dizer, "compondo" um poema com uma imagem. Cá o poeta tem, por exemplo um poema cujo nome é "adágio" em que quiz explorar nas palavras, uma musicalidade lenta própria desse andamento musical. Mas há também um outro poema "quadro", em que tento "compor" uma paisagem como se fosse um pintura... podia continuar com os exemplos.
O que me parece importante é considerar que todas as formas de poesia são aceitáveis e "acrescentam" a poesia como corpo. Isto, claro, se tiverem qualidade artística...
E, então? De qual outra forma artística se aproxima a poesia de Licínia Quitério? Será que aqueles textos conjugados podem fornecer uma pista ? Mas e as imagens ? E, por outro lado a rítmica do seus poemas (serão poemas-canção, em fundo de literatura ? Ou então ?...)
Que nos dizes ? :)
Enquanto pensas no assunto, podemos provar do chá e dos bolos da aquilária... :)
e eu que não viesse deixar a minha posta de pescada:)
pois isto está a tomar contornos verdadeiramente apaixonantes.Diria mesmo que esta vibração aqui e agora mais nãoé que um profundo orgasmo poético. Deixem-me desfrutá-lo, voltarei após o extase com as palavras, esses "cinturões de ferro" que o poema transforma vento.
Até muito em breve, meus amigos.
Sinto-me faltosa, mas vou tentar "explicar" aquilo que me confunde. Eu sinto poesia onde quer que ela se me revele. Num quadro, numa escultura, numa peça musical, numa água a correr, numa folha morta, num riso de criança e... e... e... nessas coisas todas que sabemos. Um dia alguém traduz essas emoções em palavras e chamam-lhe poeta. Um dia alguém lê um poema, em voz alta, e alguém diz: senti um arrepio. Já mo disseram muitas vezes e eu pergunto-me: onde começou o poema? qual foi o trabalho do escrevedor? Enorme, dirão os Amigos em coro. Dificílimo, digo eu que luto por ser capaz de dar a emoção que me foi dada. Pronto. Já disse tanto lugar comum que até mete raiva. Agora quem quiser que pegue em alguma deixa e me desanque.
Beijos, muitos.
Vasco, agradeço-lhe as suas palavras (que faço minhas, para este poema). Gosto de por cá passar.
olá ;)
então, este ano não publica?
volte, sim?
beijinhos
Faço coro com a Alice.
Então?!
Beijos.
e eu com a Alice e com a Licínia.
Então?!!
Abraço
Olá minha queridas e fiéis amigas,
Falta de tempo e de inspiração... Mas também em fim de ciclo. O próximo poema não poderá ser "mais um poema". Terá que marcar um reinício.
Não posso ter pressa, há que esperar até que surja.
Beijos sentidos
alice,
licínia e
ana prado, uma honra merecer a vossa preocupação
honra seria o menino voltar ;)*
à sua espera!
beijinhos
Olá alic(inha),
Cá estou eu :).
... não é bem como queria, mas por vezes não escolhemos o poema, é ele que nos escolhe a nós.
beijos
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